Uma amiga me pediu para escrever algo para ela. Um “quem sou eu”, um testimonial, um “texto qualquer que você dá teu tom diferente...” – disse ela.
É tão difícil escrever pra alguém importante. Descrever pormenorizadamente sobre alguém que vale muito para nós é uma tarefa árdua. Não encontro palavras. Adjetivos são levemente profundos para o que sinto...
Essa transição da “menina-mulher” acarreta uma série de mudanças – físico, psicológico e, principalmente, intelectualmente falando.
Não é fácil ter que deixar para trás a mini-saia cor-de-rosa, a pantufa da Minney e toda aquela ânsia de encontrar o príncipe encantado vindo em sua direção no cavalo branco. Ser mulher é saber que isso tudo não existe e, mesmo assim, não deixar de sonhar. Dessa vez: com os pés no chão. Algumas, infelizmente, não adquirem esse discernimento do que é utopia e do que é realidade. E sofrem... Mas, quem disse que o sofrimento deve ser caracterizado como um sentimento ruim? Ele nos ensina a viver. Nos mostra que, muitas vezes, é preciso caminhar sob terra e pedregulhos à fim de encontrar o paraíso. Talvez você ainda não tenha encontrado o teu paraíso – aquele por você idealizado – e, quer saber? Às vezes nunca encontre!
O ser humano é inconstante e insaciável. Insatisfeito. É o jeito das coisas.
Eu mal imaginava que aquela menina sorridente e carismática, que vi atravessar a rua em minha direção - com uma caixa de erva de tereré nas mãos – tinha uma história de vida inenarrável. E que, mais tarde, me faria apaixonar pelo jeito de ser.
E vivemos! Como vivemos... Desde sorrisos, risadas, gargalhadas até decepções, lágrimas e choros descontrolados. Mas encontramos apoio. Força. Alicerce. Um álibi... um no outro.
É a imagem que tenho como exemplo de amor. Quando sofri e fui consolado. Quando precisei de puxões de orelha – e recebi. Quando precisei de um carinho que ninguém conseguia suprir. Quando estava sozinha e você chegava gritando... (Risos.)
Ah... não sei mais o que dizer. Como disse no início, é difícil, é árduo. Me faz derramar lágrimas. Me faz querer dar um “ctrl+Z” na minha vida e re-fazer tudo. Talvez de forma diferente. Talvez pra aproveitar mais. Talvez pra ter te defendido nos momentos em que te magoaram. Talvez pra poder ter participado – ainda mais e mais – dos teus dias. Na verdade, não tenho arrependimentos da maneira em que vivemos. Sei que foi do modo mais puro e sincero que pudemos. E se, algum dia, derramamos lágrimas um do outro – ou juntos – foi porque era preciso no momento.
Hoje você não está tão perto de mim e nem eu de você – fisicamente. Mas sei que, de algum lugar, tua proteção me guarda. Teu amor me conforta. Tua amizade me ajuda nas horas que preciso. Sinto a sua presença constante nos meus atos, nos meus pensamentos. O que você diria, o modo que iria me consolar – ou tirar da minha cara. (Risos).
Talvez eu tenha tido uma amizade que outras pessoas nunca tiveram. E isso me faz sentir a pessoa mais presenteada do mundo. Mas, sabe o que me faz sentir ainda melhor? Saber que essa MULHER que vejo hoje lutar e presentear outras pessoas, num outro lugar, carrega um pouquinho de mim dentro dela. Em cada ato, palavra, brincadeira. Sinto em lhe dizer, mas: não haverá porcaria de príncipe nenhum suficientemente bom para merecer o prazer que é te ter ao lado. Eu posso não ser príncipe e, muito menos, chegar num cavalo branco (prefiro-os no zoológico, ou na fazenda da minha mãe. Lembro da sua cara ao cavalgar num deles... Risos). Mas tive o prazer de ter uma supermulher com jeito de criança na minha vida. E isso basta!