quinta-feira, 28 de julho de 2011

Pra'queles que não sabem sambar

Meu caro, a culpa é toda sua. Se você não queria uma pessoa que sambasse, jamais deveria tê-la chamado para dançar. Veja o meu caso: nós dois sambamos, nós dois bebemos, nós dois cantamos, nós dois sentamos, nós dois rimos e nós dois também vamos embora juntos - porque é  isso (e muitas outras boas coisas) que o amor faz.
Mas você, meu caro, esqueça essa coisa de poder. Isso não existe no seu mundo. Não enquanto você continuar sendo quem você tem sido. Você só terá alguém do seu lado - desse jeito que tanto almeja - se souber entrar na dança, seja ela qual for. Se sambar também, sem esperar nada em troca. Se você sambar, ela vai sentir prazer em dançar a valsa que você tanto gosta e ela detesta. É simples assim. Mas sei quão difícil é, pra você, essa coisa toda de proporcionar prazer, ceder, ouvir o CD inteiro sem pular as faixas, rir de uma piada que não seja de sua autoria.
Com o tempo, você vai notar que  o samba se tornará tão prazeroso quanto a valsa. E, aos poucos, você vai notar que nenhum dos dois vai ter poder, que não haverá brigas sobre quem pode menos ou mais. Meu caro, você vai ver que amar é tão simples quanto sambar. Basta ter malemolência e se entregar.

sábado, 23 de julho de 2011

Come as you are


Sinto que, a medida de cada toque, gesto ou olhar, o quê há dentro de mim cresce e toma proporções não-tangíveis - como a alma ou quaisquer outras dessas coisas que a gente insiste em afirmar que possui e nem sequer sabe do quê se trata. Mente, espírito, amor, consciência, Deus...
Como se mede a paixão? Por que associá-la ao coração?
Ter consciência é agir com ciência? Mas não dizem que a ciência muda com frequência?
Já que não existe uma forma de medir o quê eu sinto; já que o quê eu sinto é associado a um órgão muscular oco que trabalha de forma simples e meramente sistêmica; já que eu não sei se há consciência na ciência desse sentimento progressivo que guardo em algum lugar que não sei onde mas dentro de mim, quero aproveitá-lo ao todo, com a inocência e ignorância de não se ter noção do quê realmente ele é.