domingo, 24 de abril de 2011

Do amor


O meu amor sai de trem por aí e vai vagando, devagar, para ver quem chegou.
O meu amor corre devagar. Anda no seu tempo - que passa de vez em vento.
Como uma história que inventa o seu fim. Quero inventar um você para mim.
Vai ser melhor quando te conhecer. Olho no olho e flor no jardim. Flor, amor.
Vento devagar. Vem, vai, vem mais...

sábado, 23 de abril de 2011

Antes que os pensamentos se dissipem

Os sábios ficam em silêncio quando os outros falam;
Quando os sábios falam, os outros ficam em silêncio.
Crianças gostam de fazer perguntas sobre tudo;
Adultos evitam fazer perguntas para não ter que respondê-las.
As máquinas de fazer nada não estão quebradas;
Quando as máquinas estão quebradas, não fazemos nada.
As chuvas vêm da água que o sol evapora.
O sol é estrela quente que faz evaporar.
O brilho vem das outras estrelas que não são quentes.
Assim como nos sistemas biológicos, o Universo trabalha em homeostase.
As músicas dos índios fazem cair chuva.
Os dedos dos pés evitam que se caia.
Os rabos dos macacos servem como braços.
Os rabos dos cachorros servem como risos.
As vacas comem duas vezes a mesma comida.
As crianças etiopianas comem comida nenhuma.
Ambos são mamíferos. Uns tomam leite, outros não.
Movemos mais músculos para sorrir do que no halterofilismo.
Vamos mais à academia do que sorrimos.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Lógica sem nexo


E então tudo começa a fazer sentido novamente. O brilho nos olhos, a risada boba, a mão sobre a outra, o beijo no final... Será que é isso mesmo? E, se sim, até quando vai durar? O ser humano tem essa necessidade de tatear a concreticidade do processo. É característico. Quase que instintual.
Dizem que antes de dar respostas, é preciso saber perguntar. É o que mais tenho feito. Será que é melhor contentar-se com um gole pra matar a sede quando se tem a possibilidade de possuir o rio inteiro? Será que é mais fácil continuar a caminhar rumo a um deserto seco e não-consensual, cheio de miragens, quando se sabe que tudo aquilo não faz parte do seu “eu”? E, falando em “você”, e você? É justo deixar de lado quem se realmente é? O belo se faz abstrato dependendo de quem o analisa. 
Interrogações demais pra exclamações de menos.
E o pior é quando tudo isso te leva a um paradoxo sem fim: Bom demais pra te fazer querer sair; perigoso demais pra te fazer querer entrar.
Eu entendo o que se passa no seu coração (apesar de não gostar muito de cardiologia). Não só do seu, mas do meu também. Às vezes, com a correria do dia-a-dia, até me esqueço dele, mas sei que está ali. Aliás, neste momento, ele se encontra num estado, quase que notório, de arritmia – não por batimentos de menos, mas sim por batimentos demais. Como ele bate acelerado quando te tenho por perto... E eu que achava que esse tipo de coisa só acontecia quando éramos adolescentes...
E eu que achava tanta coisa que não acho mais! Realmente, os primeiros meses do ano de 2011 valeram mais que 2010 inteiro. Mas isso não me faz aceitar a idéia de que em 2012 tudo se acabe. Pelo contrário, me faz querer que tudo dure por um período indeterminado. Pensei em usar a expressão “Pra sempre”, que costuma ser mais característica pra esse tipo de frase.  Mas acho que pra sempre, talvez, seja muito tempo. Pode ser que, em algum momento ao longo do caminho, sua sede acabe, o copo se quebre, você queira nadar em outras águas ou até mesmo se perder nas miragens no meio de tanta areia, mas tudo bem desde que, enquanto isso, cada página dessa história termine com um beijo no final. 

terça-feira, 5 de abril de 2011

Sobre a lua


Me lembro de um e-mail que recebi anos atrás que falava da história do Sol e da Lua, fazendo uma analogia com Romeu e Julieta. Diz a história que o Sol e a Lua nasceram juntos e se apaixonaram. Até que um dia, quando notaram a força da paixão entre eles, os separaram – afinal, eles eram tidos como irmãos. Desde então, eles nunca mais se viram. Sendo que um só pode ser liberto durante o dia e outro apenas ao longo da noite.
A mesma lua que, através do brilho das estrelas, ilumina a minha noite é a mesma que ilumina a sua. É estranho pensar que estamos debaixo do mesmo céu, da mesma lua, recebendo o mesmo brilho e, ao mesmo tempo, tão distantes. Não só quantitativa, mas qualitativamente – e, na verdade, é isso que nos separa (as qualidades que prezamos) e não o que achávamos no início.
A lua, o sol, as plantas no jardim... Tudo continua no seu devido lugar. O que era essencial é que não está mais ali. (Ou o que achávamos que era...). Porque, se realmente fosse, ainda estaria lá. Como a lua que, apesar de todo o sofrimento, nunca deixou de brilhar.

domingo, 3 de abril de 2011

Que dá vontade, dá!


Tem dias que tudo parece dar errado, né? A gente briga com o melhor amigo, diz coisas que preferia não ter dito, perde a carteira com todos os documentos dentro, se sente sozinho, se auto-decepciona, chega atrasado e descabelado numa aula importante, bate o carro... E a vontade é de apertar rewind. Aquele botãozinho no aparelho de DVD que volta até a cena posterior que queremos chegar pra poder fazer tudo diferente. Mas não dá! Talvez se pudéssemos, a vida não teria o valor que tem. As lições não seriam aprendidas como um todo. Mas que dá vontade de voltar e refazer tudo, dá. Dizer aquele “eu te amo” que deixamos de dizer - por mâgoa ou raiva; dar um abraço apertado que ficamos com vergonha de dar; reformular as palavras mal-ditas que saíram da boca naquele momento de sentimentos confusos; poder utilizar desse artifício de "ver o pra frente" e "voltar no pra trás" pra não ter se deixado ser tão usado... Sei que a gente não pode e que esse texto acabará sendo um amontoado de "e se...". Mas que dá vontade, dá!