terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Às vezes nunca




Tô sempre escrevendo cartas que nunca vou mandar.
Pra amores secretos, revistas semanais, deputados federais...
Às vezes nunca sei se "As vezes" leva crase. Às vezes nunca sei em que ponto acaba a frase.

Você sempre soube. Eu não sabia...
Toda frase acaba num riso de auto-ironia. Toda tarde acaba com melancolia.
E, se eu escrevesse "sem" com "S", ou escrevesse "cem" com "C"? Por acaso faria alguma diferença? Que diferença faria?
O que você faria no meu lugar se tivesse pra onde ir e não tivesse que esperar?
O
que você faria se estivesse no meu lugar se tivesse que fugir e não pudesse escapar?

Quando a frase acaba tarde, tudo fica pra outro dia. Você sempre soube, eu não sabia...
Às vezes não entendo minha própria letra. Minha própria caneta me trai.
Às vezes não entendo o que você quer dizer quando fica calado.
Quando a frase acaba, o mundo silencia.
Às vezes não entendo onde você quer chegar quando fica parado.
É como ficar esperando cartas que nunca vão chegar... Não vão chegar com "X" nem vão chegar com "CH"!
É como ficar esperando horas que custam a passar enquanto ficamos parados, andando pra lá e pra cá.
É como ficar desesperado de tanto esperar. Olhando pela janela até onde a vista alcançar.

É como ficar esperando cartas que nunca vão chegar.
É como ficar relendo velhas cartas até a vista cansar...

Um comentário:

Anônimo disse...

De longe uma das coisas mais lindas que já li...
Faz tempo que vc não escreve no blog...Por favor escreva mais!

beijos