quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

(Re)partida


Depois que o espelho está quebrado, existe como saber a que altura esteve o primeiro fragmento? E como ter noção de nossa dimensão quando (tudo) isso acontece? Para dar um salto avante, foi necessário reunir um tanto de todos que já fui. Momentos distintos de vida. Recontar para mim mesmo minha história pessoal - essa que construímos dia a dia, reunindo, descartando, esquecendo, recriando e, até mesmo, inventando. Não existe nenhum mapa.  Existe algum mapa? Poético, cético, literário, místico, emocional, racional... Qual o ponto de partida? Toda vez que dou um novo passo me pego pensando que precisaria voltar atrás e reaprender à andar. Enfim, de volta ao mapa - caminhando mais próximo sem pensar em voltar - às vezes a poesia (da vida), essa dama ciumenta e exigente, se afasta silenciosamente de mim, deixando em seu lugar o vazio da falta de convicção para escrever da única forma que eu sempre soube (ou acreditava que soubesse).  A gente também desaprende o aprendizado. Porquê nem sempre o aprendido é apreendido. Entre reaprendizados sobrepostos e sobreposições mal-posicionadas vou, aos poucos, reunindo os cacos e colando o espelho que devolve os fragmentos (sobre)viventes a meus tantos esquecimentos. A única certeza é de que os pedaços ainda podem ser colados, recolados, anexados com goma de mascar... E, ainda assim, cair. No final, a única certeza é de que não há certeza em lugar algum.

Nenhum comentário: